Resenha: 300, A Ascensão do Império (será?)

Por Bruno Cavalheiro

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E aí, junkies?

Prontos para mais sangue computadorizado, frases de efeito e slow-motion exaustivos? Pois bem, tudo isso era esperado para a sequência de 300 e a repetição destes recursos não é nenhum demérito para esta sequência, tendo em vista que tudo isso rendeu uma tremenda bilheteria anteriormente, certo?

Ainda assim, esta continuação não conseguiu agradar a todos aqueles que esperavam uma continuação direta após a queda do Rei Leônidas na batalha das Termópilas. Em vez disso, A Ascensão do Império inicia revelando a origem do deus-rei, Xerxes, que na verdade não passa de um joguete nas mãos de Artemísia, uma grega naturalizada persa e que guarda um profundo ódio de sua terra natal após ver sua família ser morta e ser vendida como escrava por soldados de outra cidade-estado, sendo acolhida posteriormente pelo mensageiro do Rei Dário, pai de Xerxes, que acaba morto pelo herói ateniense Temístocles, nosso protagonista.

Pois é, a sequência de eventos que originaram este episódio ocorrem paralelamente à jornada daqueles bravos 300 espartanos e quem assume a história são os atenienses, o que deveria ter ficado claro durante a campanha de divulgação do filme para não causar aquele sentimento de propaganda enganosa para os que se decepcionaram, mas enfim, tudo faz parte do marketing.

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Entretanto, parece que a enganação é um elemento da história que acaba transcendendo a tela, pois é justamente a vilã Artemísia, a sensacional Eva Green que rouba toda a cena, que vem alimentando por anos aquele ódio contra a Grécia, quem acaba se mostrando a verdadeira líder e com toda a capacidade de dominância da cena que a personagem exige, Artemísia consegue causar terror em seus subordinados ao menor sinal de insatisfação e, como já dito, se outrora pensávamos que Xerxes era quase invencível, qual não é nossa surpresa ao saber que este é apenas uma criação da artesã da guerra.

A relação de dominância e o desejo de se mostrar superior em meio a tantos homens se mostra também no que parece ser uma cena de sexo casual, na verdade é uma luta por autoafirmação: quem fica por cima? Quem fica por trás? Quem prende quem? Quem faz o outro chegar ao clímax primeiro?

300-a-ascensao-de-um-imperioNão é um filme descartável como tantos alegaram, embora apresente alguns problemas na execução. O começo é um pouco arrastado e o filme demora a se apresentar, mas tem ritmo. É notável o esforço do desconhecido Noam Murro ao assumir a sequência, e parece ter sido devidamente orientado por Zack Snyder, que ficou a cargo da produção.

Quanto aos demais aspectos técnicos, a trilha sonora é uma marcha que se repete ao longo das cenas, e há uma predominância de um filtro azul na maior parte do tempo que não deixou muito claro o seu significado, mas as sequências de ação são bem coreografadas e se mantêm empolgantes como seu antecessor.

3001-620x348Então é isso, junkies, em um contexto em que mulheres saem às ruas exigindo respeito e igualdade de direitos e o fim do abuso, 300 – A Ascensão do Império coloca as mulheres atuando no papel central de uma história que fora narrada exclusivamente por homens quando os grandes feitos só pertenciam a eles.

 

1 thoughts on “Resenha: 300, A Ascensão do Império (será?)

  1. “Prontos para mais sangue computadorizado, frases de efeito e slow-motion exaustivos?”

    AUHUEHUEHUEHUHEUHEUHAEUHEUHEUHE Não poderia ter resumido melhor. Muitas coisas me incomodaram no filme, mas sinceramente, não dava pra esperar muita coisa… afinal, é uma “sequência” de 300… é divertido, e tal, mas não tem o mesmo peso que outras adaptações quadrinísticas que tanto estimamos.

    Também fiz uma resenha do filme lá pro site dos Amiches… tá até divertida:
    http://www.superamiches.com/post-dos-amiches-os-espartalhoes-2-the-glowing-traveco-rises/

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